Cultura

Luta contra o abigeato ganha letra e melodia

Composição de Gujo Teixeira dá voz aos produtores rurais em época de altos índices do crime no Estado

A luta contra o abigeato agora tem melodia. O consagrado compositor gaúcho Gujo Teixeira escreveu sobre o tema há dois anos, mas só esta semana a obra visou música no arranjo de Márcio Fagundes dos Santos e na voz de Márcio Corrêa.

Gujo mora em Lavras do Sul e trabalha com produção pecuária. Ele conta que em 2015 o crime se tornou rotina na região e chegou, inclusive, à casa de vizinhos. A situação inspirou o compositor, que escreveu a letra e guardou. As recentes reportagens da mídia sobre abigeato, em especial do repórter Giovani Grizotti, da RBS TV, motivaram Gujo a desengavetar o trabalho. "Enviei a letra pro Grizotti e disse pra ele: 'toma, é tua'. Eles transformaram em música e hoje já comecei a receber em grupos de WhatsApp", conta.

O ponto principal da peça é deixar claro para a população que o produtor rural perde muito com a prática criminosa. A "carne barata" que chega à mesa dos consumidores, muitas vezes "sem carimbo" ou nota de procedência, é um problema sério. Por isso, aponta Gujo, a cultura não pode ficar de fora da luta contra o crime. "Também cabe a nós mostrar que o campo não é só essa coisa boa que estamos acostumados a cantar e contar. É importante esse envolvimento pras pessoas despertarem. Assim fazemos a nossa parte."

A música "Abigeato" está sendo espalhada em grupos de WhatsApp e nas redes sociais. A ideia é que o ritmo da vaneira, além de contagiar, também conscientize as pessoas sobre a prática criminosa.

Confira a letra de Abigeato:

Hoje tem carne barata n'algum comércio da vila
Hoje se compra sem osso por meia dúzia de pila
Chegou carne sem carimbo, sem nota de procedência
De gado bueno criado nos campos desta querência

O que se sabe é isso, mas muitos não dão valor
Tem carne gorda no rancho esperando comprador
Pois quem se apossa do alheio quase nunca faz alarde
Quando se viu dia claro há muito já era tarde

Foi a lua quase cheia
Que "alumiou" a noite larga
Faca afiada e perícia
Ligeiro se faz a carga

Ninguém viu, não ficou rastro
Nem sangue pelo caminho
Mas se sabe que é serviço
Que só um não faz sozinho

Coisa bem triste se ver o trabalho que se tem
Sangrando a ponta de faca pela cobiça de alguém
Pois é bem triste saber que muito pouco é feito
Pra defender quem produz pelo que é seu de direito

E o produtor, como fica? Esperando a solução
Pela justiça dos homens, pelas leis desta nação
O que divide esta afronta é a cerca de um corredor
E mais uma vez quem paga esta conta é o produtor

Foi a lua quase cheia
Que "alumiou" a noite larga
Faca afiada e perícia
Ligeiro se faz a carga

Ninguém viu, não ficou rastro
Nem sangue pelo caminho
Mas se sabe que é serviço
Que só um não faz sozinho

A razão que não separa a circunstância do fato
É o que pouco se enxerga no caso de um abigeato

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